Eu ando, tu corres, ele voa. Assim tem sido a conjugação que rege as votações de medidas provisórias no Congresso brasileiro.
O governo anda. A Câmara corre. E o Senado, convertido de Casa revisora em Casa carimbadora, voa.
O fenômeno se repete nesta quarta (13). Vai a voto no plenário do senado a medida provisória do trem-bala, que liga o Rio a Campinas, com parada em São Paulo.
A MP autoriza o BNDES a borrifar na caixa registradora do consórcio construtor empréstimos de R$ 20 bilhões.
Libera o Tesouro Nacional para conceder subsídios tarifários de R$ 5 bilhões.
Pendura no organograma do Ministério dos Transportes uma nova estatal, a Etav (Empresa do Trem de Alta Velocidade S.A.).
Tudo isso votado em velocidade superior à do próprio trem-bala. Por que a pressa? Se não for apreciada até sexta (15), a MP perde a validade.
Assim tem sido a rotina do Senado. Semana sim, outra também os senadores são intimados pelo calendário a votar propostas em vias de caducar.
Coube às mãos companheiras de Marta Suplicy (PT-SP) relatar a MP do trem-bala.
Ela lerá o relatório em plenário. A oposição chiará. O governo admitirá que o prazo é draconiano.
Os dois lados reclamarão da Câmara, que despeja MPs na Casa vizinha com o prazo pela hora da morte.
Reprisada a pantomima, o governo acionará sua maioria e a coisa, como sói, deslizará sobre trilhos lisos.
Mais célere do que as medidas provisórias corre a desmoralização do Senado, hoje um anexo do Planalto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário