Aguinaldo Silva sobre beijo gay: "Palmas para Silvio Santos"
Foi um beijaço digno de novelão e que entrou para a história da TV. E ele não foi exibido pela Globo, que já gravou mas não veiculou. A tão aguardada cena do primeiro beijo homossexual em um folhetim brasileiro, exibida em ‘Amor e Revolução’, no SBT, na quinta-feira, foi protagonizada por Luciana Vendramini e Giselle Tigre e deu o que falar.
Foram intensos 28 segundos de intimidade entre as personagens Marcela (Luciana) e Marina (Giselle). Imediatamente após a exibição, começou o auê nas redes sociais. A ousadia do autor Tiago Santiago elevou os índices de audiência da trama, que marcou 6 pontos de média com pico de 9. “A maioria dos comentários foi muito positiva. A novela foi um dos assuntos mais comentados no Twitter e o beijo continua sendo muito veiculado pela Internet”, festeja Tiago.
Para ele, um beijo entre duas mulheres “causa menos rejeição ao público conservador, principalmente masculino”. Já os homens gays sofrem mais preconceito. “Eles têm sido mais atingidos, sim, pela violência e pela homofobia”, frisa o autor.
Presidente do Grupo de Conscientização Homossexual Arco-Íris, Julio Moreira elogiou a sequência: “Foi um beijo quente e revolucionário”, sentenciou.
Satisfeita por ser uma das atrizes responsáveis por quebrar um tabu na ficção televisiva, Luciana Vendramini garante que não ficou constrangida em beijar a colega na boca.
Ela confessa, no entanto, que bateu uma ansiedade. “Quando recebemos o texto, fiquei um pouco travada. Mas na hora de gravar, foi muito rápido. Dois takes. Primeiro fizemos a marcação de posição na cena, dos gestos, das trocas de carinho, sem nos beijar. Depois, gravamos o beijo. Aí ficou uma borração de batom só. Repetimos o beijo para valer e ficamos tranquilas”, conta Luciana, que combinou uma tática com Giselle para que elas ficassem mais relaxadas.
“Sugeri imaginarmos que havia um cara bem gato na nossa frente. E aí tudo fluiu. O tabu foi quebrado de maneira respeitosa”, defende a atriz, que garante ser hetero.
Para Giselle, já estava mais do que na hora de uma cena de amor entre um casal gay ir ao ar na TV aberta. “Acho que a novela está mais que atual em levantar esse assunto. Além da ditadura, esse é mais um tabu a ser discutido. Não sobre os gays em si, mas sobre cada pessoa poder ser o que é. É preciso mais tolerância de uns com os outros”, comenta a atriz, casada há oito anos com o artista plástico Marcelo Gemmal, e mãe de Maria, de 5 anos.
‘Palmas para Silvio’
Por meio de seu blog, o autor Aguinaldo Silva parabenizou o colega Tiago Santiago. “Eu já tentei algumas vezes e sempre levei os maiores passa-foras, já desisti há muito e decretei: beijo gay agora só se for na minha casa. Palmas também para Silvio Santos, que deve ter visto a cena, soltado um ho-ho-ho daqueles e decretado: libera!”.
Em ‘Senhora do Destino’, de 2005, escrita por Aguinaldo, Bárbara Borges formou casal gay com Mylla Christie. Elas moravam juntas na trama, mas o beijo nunca rolou. “Jennifer e Eleonora tiveram muitas cenas em que se cumprimentavam com beijo ‘selinho’. Ao meu ver, foi um grande passo na história da teledramaturgia. As duas acabaram juntas e com um filho adotivo”, lembra Bárbara.
Em ‘Torre de Babel, de 1998, ganhou destaque a rejeição provocada pelo casal Rafaela (Christiane Torloni) e Leila (Silvia Pfeifer), que provocou a morte de uma das personagens. Já em ‘América’, de 2005, Júnior (Bruno Gagliasso) e Zeca (Erom Cordeiro) gravaram a cena de beijo entre os dois. Mas a Globo não exibiu.
“O primeiro beijo gay da televisão eu posso dizer que fui eu que fiz. Foi gravado e estava lá. Só não foi ao ar”, disse a autora da trama, Glória Perez.
Tiago Santiago promete ousar mais. Ele pretende escrever uma cena de sexo para as protagonistas do beijo, mas a decisão será do público por meio de uma enquete. “Isso só vai acontecer se o público votar para Marina ficar com Marcela”, diz.
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